Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009

da Lituânia...

Chove! Ou Coruche que chora pela nossa partida ou Deus que mija depois de uma noite à moda dos homens!

Era uma tarde perdida. Perdida porque achada. Perdidamente, uma tarde. E eles foram. Os três e elas. As de sempre. Amigas, companheiras, ombros presentes na ausência de estados mais honestos. As garrafas, digo. Elas. O pássaro gigante levanta, e outro se levantará até ao poiso final. No sitio onde elas, já não as garrafas, também alteram os estados, políticos e dos corpos. As mulheres digo. Inicia-se a contenda, comparam-se estradas, carros, árvores, tudo o que há de fisico, como se uma mulher vestida de negro num país estrangeiro tivesse obrigatoriamente que estar de luto ou saber cantar o fado. Culturas chamemos-lhe, visto a ribalta-moda lhe dar azo.

Terra à vista, entrelaçam-se os presentes que nunca antes vistos são fruto de abraços sinceros e brindes desordenados mas assíduos. O tanque quente, a cigarrilha, a língua inglesa enquanto o sangue ferve. Não existem lumes brandos, nem bebidas suaves. O segredo despe-se na quantidade. Cutucam-se ambos e ingerem-se. O sangue está mais quente. O riso e a fúria de rir, onde outrora o choro e a vergonha adornavam estas faces naturalmente pálidas e estes corpos insistentemente matemáticos. O passado do subjugo das classes.

Trocam-se juras globais do tipo “tu vens a mim, porque eu hei-de ir a ti, porque ambos viemos aqui” aos países, digo. O email, o telefone a descrição do que há por lá em oposição ao que haverá por onde eles andam, sim nos países. Globalização aos molhos. Clickar é abraçar, um email uma epopeia. Seguiram-se as ressacas embora as juras se mantivessem. Condenara-se o dia pela manhã mal disposta. Puro engano. O toicinho fumado, a cerveja, o Jazz e o barco, juntos fariam mais pela humanidade que muitos ratos de igreja no seu lamuriar incessante, robótico, superficial porque automático. Atingem-se níveis de procriação mental naquilo que o som perfeito decora, os nossos lábios, as nossas vozes, os pensamentos, o toque. Até o vinho se engalanou perante tamanho repasto auditivo. O sangue ferve de novo. A tristeza matinal não era mais que o sono dos corpos convalescentes na ilha do prazer. Pizza e Zlibovizza. Um vento inerente, involuntário que abana árvores ébrias que ululantes devoram tudo. As quantidades. Um adeus solene que não o último, uns membros despedem-se. Os que ficam imaginam-se. E mais, e música, e cigarrilhas, e mulheres. Sim mulheres, mulheres, mulheres. Como parar? Mulheres, mulheres daquelas do requinte, das que o próprio deus ao fazê-las se arrependera de criar por não poder usufruir. Criador ou criatura? Criatura, obrigado! Barbecue, jazz, tourada metafórica e literal, sem parar, o figado estoira. Sim, estoira. De desejo, claro. Pena que os homens morram e os lugares existam. Pudéssemos nós ser todos os lugares e o acto de estar vivo epidemificava-se por cada sorriso original. Uma praga de felicidade, digamos. Pobres merdas, afogados no espaço e na irreversibilidade do tempo.

Atraca um barco atroz. Avião, digo. Um regresso feito de desgaste, de pena e de vontade. Vontade de partir de novo. Para outros lados, outras faces, outros alguéns, outras garrafas, outros emails. Viajar é uma droga, e o ser humano um viciado no vicio de se viciar. Hajam destinos, bolsos, coragem, imaginação e, acima de tudo, amigos e o mundo jamais será um lugar estranho. Estranho é não ir ao mundo contentando-se a ficar nele até que a morte nos fixe para sempre. Dever-se-ia dizer nos casamentos “até que a morte vos fixe”, porque parar é que é morrer.

 

Long life to Lietuva, dedicado ao Lushiukas ao Edgaras, para mais tarde recordarem

 

"Crossing the little river i put the foot,

I wet the sock i put the  foot...."

 

publicado por spacecowboy às 00:11
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