The Return of The Space Cowboy

                                                                    Luís Ene

 

Numa altura em que tanto se fala do sistema de saúde nacional, surge esta situação insólita, aproveitada de pronto pelo incorrigível Ricardo A. Pereira. Só resta mesmo encolher os ombros e sorrir... 

A Ciência vai dando passos lentos mas seguros no conhecimento do cérebro humano, já sabemos que andamos todos a toque de hormonas e que as nossas emoções são em grande parte explicadas por elas.

Os homens são todos uns brutos, infiéis, indignos de confiança que só pensam com o pénis?

Resposta: um adulto de sexo masculino produz cerca de vinte a trinta vezes mais quantidade de testosterona (responsável pela libido e pela agressividade) que o organismo de um adulto do sexo feminino.

Companheiros, afinal não somos nós, a responsabilidade é da hormona e temos todos desculpa!!

Num estudo da Faculdade de Medicina de Yale, cientistas observaram que altos níveis de testosterona, ainda que por curtos períodos de seis a doze horas, causaram morte em culturas de neurónios.

Companheiros, afinal elas têm razão no que afirmam. Mas continuamos a não ter a culpa, certo?

Passamos a vida a relacionarmo-nos, a seduzirmo-nos, a apaixonarmo-nos, a sofrermos, a vivermos em função de outros e a reproduzirmo-nos ou a treinarmos muito para isso. Andam os poetas há séculos a cantar odes à Lua, aos passarinhos, à paixão e ao amor, e afinal não querem lá ver que em vez de razões elevadas, poéticas, transcendentais, tudo se reduz a uma coisa tão simples como as substâncias químicas produzidas pelo nosso organismo?!?!

E há muitas que se dedicam a regular as nossas sensações de bem-estar, como a dopamina, a noradrelina, a serotonina, a ocitocina, etc…

A ocitocina, por exemplo, tem a função de promover as contracções uterinas durante o parto e a ejecção de leite durante a amamentação. Encontraram-lhe ligações ao que sentimos quando abraçamos um parceiro de longa data ou pegamos nos miúdos ao colo. Tem efeitos no controlo da agressividade e é bem capaz de ser responsável pelos nossos níveis de generosidade, empatia e confiança para com os outros.

Muitos especialistas chamam-lhe a hormona do amor, já que a sua concentração no organismo aumenta 400% depois do orgasmo.

Ou seja, esta gaja foi feita para ajudar as pessoas a ficarem juntas durante muito tempo.

E perguntarão vocês: “Mas anda tudo tão infeliz no amor, tão insatisfeito, onde raio andam elas afinal, será que nos últimos tempos fizeram greve?”

Ao que eu digo: Não será exactamente o contrário? Não andaremos todos tão viciados em “bem-estar” que já não tiramos nenhum prazer das coisas simples e tranquilas?

Pois é..

Ou será que não é?