O Benfica ganhou.. soube bem.. futebol de ataque, estádio cheio, mas a imagem que fica é a de um miúdo dos seus 6, 7 anos, agarrado ao cachecol de lágrimas nos olhos, a festejar. Isto é o Benfica!
Benfica 2 - 1 Liverpool
Este Moscatel é a expressão dos terrenos onde as uvas são produzidas, mas também da paixão e do bom gosto de quem o faz. Um vinho com história que repousou uns anos antes de ir para a garrafa. As uvas são trabalhadas cuidadosamente, para produzirem este néctar de sonho. Os aromas a flores e plantas silvestres são irresistíveis e o paladar melado mas fresco enche-nos a boca e persiste em ficar por cá. Faz um casamento perfeito com umas queijadas de Azeitão enquanto ouvimos a música de Ryuichi Sakamoto.
Tendemos sempre para o equilíbrio, por mais desequilibrados que sejamos. Precisamos dele para nos mantermos na vertical, para caminhar para a frente (e para trás). Cada um tem o seu centro de gravidade, o seu vértice perfeito, a sua forma de andar. Mas o equilíbrio, como tudo, só existe quando há o seu antagónico. E a vida é perita em fazer-nos abalar as estruturas e pôr à prova a nossa capacidade de voltar ao centro.
São pessoas que chegam e fazem-nos tremer, são outras que partem e deixam-nos abalados como se tivesse passado uma rajada de vento, são os dias intermináveis, que nos fazem curvar, minguar e quase cair, são as decisões dificeis de tomar, as escolhas dificeis de fazer, que nos deixam como aquelas mesas de esplanada com uma perna mais curta, debaixo da qual colocamos um papel dobrado em muitos bocadinhos, são as eternas dúvidas, as esperas demoradas, os sonhos por cumprir, que nos poêm o pé à frente, só para ver se tropeçamos, são os sentimentos, as emoções e os novelos de pensamentos, que nos sacodem e fazem fraquejar as pernas....
Mas, por mais bambos que a vida nos deixe, há sempre momentos assim, como uma tarde passada à beira mar, com o sol a queimar a pele pouco coberta para a altura do ano, mas quase demasiado tapada para a temperatura que se faz sentir, os pés na areia, o sol a reflecir no mar, o céu azul e aquela sensação de que a vida é perfeita.
“A teoria da dissonância cognitiva defende que cognições contraditórias servem como estímulos para a mente obter ou criar novos pensamentos, ou modificar crenças pré-existentes.”
Entramos em dissonância cognitiva quando não conseguimos encaixar o pensamento na gaveta certa.
Como funcionamos por rotulagem, se não sabemos que rótulo aplicar, ficamos por momentos confusos. Como quando queremos guardar um ficheiro no computador e não sabemos bem em que pasta.
Claro está, a melhor maneira de marcar alguém é confundi-la deliberadamente.
Sem saber onde arrumar o que vê no seu pensamento, a pessoa pelo menos pára para analisar..
Música ou suspiro? Ritmo ou pausa? Seda ou veludo? Jazz, blues ou groove? Amor ou desdém completo? Desejo ou lamento?
O que faz dos portugueses um povo tão especial? Realmente, o que nos leva a fazer coisas que mais ninguém faz? De uma forma que noutros países tem resultados totalmente diferentes… O que nos faz sermos melhores ou piores que os outros? O que é que nos faria ser muito melhores?
É nos pormenores que nos distinguem dos outros povos que José Pedro Gomes se volta a debruçar nesta comédia, com a ajuda de vários portugueses com opiniões muito interessantes, entre eles Marco Horácio, Nilton e Nuno Markl.
O resultado é Vai-se Andando, numa encenação de António Feio.
Há palavras que não sinto, palavras que passam por mim sem me tocar... Há frases que não incomodam, não fazem barulho nem ficam a saltitar na mente.
Mas também há palavras que magoam, fazem estragos que nem sempre gostamos de admitir. Também há frases que nos instigam a alma sem respeito e nos pisam o coração sem remorsos.
Há ainda as palavras doces, que sabem a chuva e a rosas, que aquecem as mãos e a face, que fazem os olhos brilhar e os lábios sorrir. Frases que se balançam entre um sorriso e o outro, que se penduram na alma e cantam.
As palavras... uma arma. Não sou o primeiro a dizê-lo e certamente não serei o último.
Uma arma, que pode ferir ou curar.
O poder está nas palavras... sempre esteve.
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